Mudanças na Interpretação das Profecias de Apocalipse e Daniel

Russell seguia de perto a metodologia de interpretação bíblica Protestante do século 16, que aplicava as profecias bíblicas para cumprimento nos tempos modernos (sendo que tempos modernos significam os tempos em que o interpretador vive). Em vez de tentar determinar, a partir do texto bíblico apenas, o que as profecias de Daniel e Apocalipse significam, as Testemunhas de Jeová usam eisegese para fazer as profecias se encaixarem aos tempos atuais. Isso levou a essa constante alteração nos entendimentos e nas interpretações.

A seguir, temos uma pequena amostra de profecias que sofreram completa reinterpretação, especialmente com respeito às mudanças significativas feitas ao entendimento dos dias proféticos de Daniel e Apocalipse. Embora Russell copiasse dos Adventistas para fazer seus paralelos nos anos 18xx, Rutherford encontrou cumprimentos nos eventos do século 20.

Como será mostrado, de Rutherford em diante, a interpretação ficou menos lógica e menos consistente. A ausência de uma metodologia consistente permitiu chegar a explicações convenientes a partir de praticamente qualquer texto bíblico.

A imaginação de Fred Franz não tinha limites. Como pode ser visto nos 42 tipos e nas profecias que supostamente apontavam para a Grande Multidão, listados no livro Podeis Sobreviver ao Armagedom Para o Novo Mundo de Deus (1955), páginas 367-368. Esses paralelos incluíam Raabe, a prostituta, Ló e suas filhas, e “a própria grande multidão de peixes que vieram à vida nas águas curadas do Mar Vermelho”. Também impressiona a lista de 80 supostas credenciais bíblicas que prefiguram o “escravo fiel e discreto”, que incluíam “a esposa de Noé”, “a respiga deixada para trás”, “grandes árvores de justiça”, “o mendigo Lázaro”, etc (A Sentinela w81 1/9 p. 27).

A interpretação atual é inconsistente em muitas áreas, devido a um conjunto de métodos usados para explicar cada texto bíblico, arbitrariamente escolhendo o que explicar como figurativo, e o que explicar como literal. Por exemplo, às vezes, a palavra “dias” será entendida como dias literais, e em outros casos, como anos, ou até mesmo de modo completamente figurativo. Como será citado abaixo, durante os anos 18xx, os 1260 dias de Apocalipse 11:3 eram interpretados como anos, terminando em 1798. (Livro Três Mundos e a Colheita Deste Mundo, página 114, produzido em 1877 por N. H. Barbour com a cooperação de C. T. Russell); agora, são entendidos como dias literais durante a Primeira Guerra Mundial. E embora os 1260 dias de Apocalipse 11:3 sejam atualmente interpretados como dias literais, seis versículos depois, os 3 dias e meio são entendidos como figurativos. (Revelação — Seu Grandioso Clímax Está Próximo, páginas 164-168).

Similarmente, quando explicam os 144 mil de Apocalipse 7:4 e 14:1, o número 144 mil é considerado literal, mas as declarações de que eles são virgens, Judeus, homens e de pé no Monte Sião são todas consideradas figurativas. (Revelação — Seu Grandioso Clímax Está Próximo re p. 116,117,198,199). Esse método de interpretação permite chegar a qualquer conclusão desejada. É por isso que conseguem obter uma nova interpretação com o passar de apenas algumas décadas.

Nesta seção, veremos os seguintes tópicos:

• Apocalipse
  • Absinto
    • Calvino
    • Satanás
    • Clero
  • Miguel
    • Anjo que adora Jesus
    • Papa e Anticristo
    • Jesus antes da Terra
    • Papa
    • Jesus no céu
• Daniel
  • 1260 dias
    • Aplicação em 18xx
  • 1290 dias
    • Aplicação em 18xx
    • Aplicação em 19xx
  • 2300 dias
    • Aplicação em 18xx
    • Aplicação em 19xx
  • 2520 dias e Sete Tempos
  • Elias e Eliseu
• Conclusão

Apocalipse (ou Revelação)

Poderíamos escrever um livro inteiro sobre as mudanças de interpretação das Testemunhas de Jeová sobre o livro bíblico de Apocalipse. Em vez de mostrar cada alteração, é notável o fato de que, dentro de um século, houve 5 publicações principais das Testemunhas de Jeová tentando interpretar Apocalipse, e todas muito diferente das anteriores. Em 1917, o livro O Mistério Consumado foi publicado. Daí, veio o livro Luz (1930), seguido pelo livro Babilônia, a Grande, Caiu! O Reino de Deus Já Governa (Babylon the Great Has Fallen! God’s Kingdom Rules, 1963), e daí veio o livro Cumprir-se-á, Então, o Mistério de Deus (1969), e, mais recentemente, Revelação — Seu Grandioso Clímax Está Próximo! (1988). A edição de Nosso Ministério do Reino de Setembro de 2006 lista 70 alterações ao livro Clímax de Revelação (km 9/06 p.3).

As Testemunhas de Jeová afirmam que Jesus começou sua inspeção das religiões em 1918, e escolheu a Sociedade Torre de Vigia como a única organização digna de representá-lo, com base no alimento espiritual servido na época. Parte desse “alimento” servido na época está contido no livro O Mistério Consumado. Dizia-se que estava cumprindo profecias, que era “interpretação dada por Deus” (A Sentinela de 15 de Dezembro de 1917, em inglês, tradução minha) e que era “o primeiro e único livro que esclarecia todas as partes de Apocalipse e Ezequiel” (A Sentinela de 1 de Outubro de 1917, em inglês, tradução minha). Esse livro continua a ser orgulhosamente descrito no livro Proclamadores e no Clímax de Revelação como um grande clássico!

*** Proclamadores – jv cap. 6 p. 69 ***
Em fins de 1917 e começo de 1918, os Estudantes da Bíblia distribuíram vigorosamente o novo livro: The Finished Mystery. Em fins de 1917, as impressoras estavam imprimindo 850.000 exemplares. A The Watch Tower de 15 de dezembro de 1917 relatava: “A venda do Sétimo Volume não encontra paralelo com a venda de qualquer outro livro conhecido, no mesmo espaço de tempo, exceto a Bíblia.”

*** re cap. 25 p. 165 par. 16 Revivificadas as duas testemunhas ***
Em 1917, os Estudantes da Bíblia publicaram em inglês O Mistério Consumado, um poderoso comentário sobre Revelação e Ezequiel.

Na verdade, quase todas as páginas do livro Mistério Consumado continham informações que as Testemunhas de Jeová, hoje, zombariam, se não soubessem que o livro foi produzido por elas mesmas. A maioria dos seus ensinos eram incorretos e foram rejeitados nas publicações seguintes. Veja algumas das afirmações do Mistério Consumado:

• Charles Taze Russell é o escravo fiel e prudente (p. 4)
• Jesus é o Alpha e o Ômega (p.15, 336)
• O “Tempo do Fim” começou em 1799 (p.171)
• A “Grande Tribulação” começou em 1914 (p.178)
• O Dia de Vingança de Deus começou em 1914 e terminaria em 1918 (p.404)
• 88 “provas” de que a Segunda Vinda de Cristo ocorreu no Outono de 1874 (p.68-71)
• O Reino de 1000 anos começou em 1874 com a Segunda Vinda de Jesus (p.301,386)
• Jesus começou a reinar oficialmente em 1878 (p.66)
• O restante ungido seria todo levado da terra para o céu na primavera de 1918 (p.64)
• Demônios possuirão a mente dos frequentadores de igrejas em 1918, levando à suas destruições (p. 128)
• Deus destruiria as igrejas de uma vez em 1918, assim como os seus milhões de membros (p. 485)
• A Cristandade está ferida pelas investidas da revolução, e deve explodir por volta de 27 de Abril de 1918, ou seja, 1 ano, 5 meses e 26 dias depois da morte do grande vigia de Deus. (p.530)
• Repúblicas desapareceriam no Outono de 1920. Todos os Reinos da Terra passariam, seriam engolidos pela anarquia (p.258)
• A Palestina seria re-estabelecida em 1925 (p.128)
• A Grande Pirâmide do Egito confirmava o fato de que o tempo da Colheita havia chegado. (p.226)
• Jerusalém havia sido destruída em 606 AEC (p.398)
• A grande multidão chegará ao número aproximado de 411.840.000 pessoas (p.103)
• O cavaleiro no cavalo branco de Apocalipse 6:2 é o “Bispo de Roma, o Papa embrionário, o representante pessoal de Satanás” (p.106)
• Miguel, o Arcanjo, é o papa de Roma (p. 188)
• O “beemote” de Jó 40:15-24 é o motor a vapor estacionário (p.84)
• De acordo com Apocalipse 21:17, o número de ovelhas no fim do reino de 1000 anos será aproximadamente 20,7 bilhões (p.323)
• O Leviatã de Jó 41:2-19 é uma locomotiva (p.85)
• Os “guerreiros” (homens de valor) de Naum 2:3 são um engenheiro e um bombeiro. (p.93)
• “Os carros de guerra correm loucamente pelas ruas” de Naum 2:4 são os tinidos e bombeamentos dos vagões de trem. (p.93)
• A “voz do céu” de Apocalipse 18:4 é a voz da Sociedade Torre de Vigia. (p.276)
• A glória do anjo de Apocalipse 18:1 refere-se às descobertas recentes, tais como escolas à distância, ao celuloide, ao livro Plano Divino das Eras (Volume 1 dos Estudos das Escrituras), às máquinas falantes, aos aspiradores de pó, aos motores por indução, à pasteurização, ao canal do Panamá, às máquinas de costura de calçados, aos metrôs subterrâneos, aos arranha-céus, aos raios Roentgen. (p.273)
• Os pregadores do Cristianismo dizem coisas que se originam de suas próprias imaginações (p.432)
• Apocalipse 14:20 predisse a distância exata do local da produção de O Mistério Consumado, em Stranton, Pensilvânia, até seu local de despacho, em Betel, na cidade de Nova York (p.230)
• A Terra foi criada há 48 mil anos (p.139)

Novos livros, explicando Apocalipse, foram necessários para substituir as interpretações erradas anteriores. Até mesmo o livro mais recente (Clímax de Revelação) ainda contém ideias que são claramente erradas e precisarão ser revistas de novo, com o tempo. A quantidade de interpretações contraditórias que a organização das Testemunhas de Jeová já apresentou mostra que não passam de tiros no escuro, e não são uma coleção de ensinos orientados pelo espírito santo de Deus. Como é que a organização explica alterações tão grandes nas explicações proféticas? O livro Revelação – Seu Grandioso Clímax Está Próximo!, na página 8, diz:

*** re cap. 1 p. 8 par. 6 Revelação — Seu Clímax Feliz! ***
Já em 1917, a Sociedade Torre de Vigia (nos EUA) publicou em inglês o livro O Mistério Consumado. Tratava-se dum comentário de versículo por versículo dos livros bíblicos de Ezequiel e Revelação. Depois, ao passo que os acontecimentos mundiais continuavam a se desenrolar em cumprimento de profecias bíblicas, foi preparada uma oportuna obra em dois volumes, intitulada Luz, lançada em 1930. Esta oferecia um estudo atualizado de Revelação. A luz continuou a ‘brilhar para o justo’, de modo que, em 1963, as Testemunhas de Jeová publicaram em inglês o livro “Caiu Babilônia, a Grande!” O Reino de Deus já Domina!, de 704 páginas. (Em português parcialmente, em 1972, com 286 páginas.)

Afirma-se que essas alterações significam “lampejos de novas luzes”. Mas será que o livro Mistério Consumado não deveria ter sido dado por Deus? Pode-se realmente dizer que Deus revelou um interpretação original totalmente incorreta? Se já houve 5 tentativas muito diferentes e conflitantes para explicar as profecias, como é que podemos confiar que essas novas luzes que alteram grandemente a doutrina são mesmo de Deus ou são luzes erradas de novo?

Veja, por exemplo, as explicações sobre o que a estrela chamada Absinto deveria significar, e também sobre a identidade Miguel, o arcanjo. Essas não foram “novas luzes” reveladas à medida que “acontecimentos mundiais continuavam a se desenrolar“, como afirma o trecho livro citado acima.

Absinto

(Apocalipse 8:10-11) O terceiro anjo tocou a sua trombeta. E caiu do céu uma grande estrela, queimando como uma tocha; ela caiu sobre um terço dos rios e sobre as fontes de água. O nome da estrela é Absinto. Um terço das águas se transformou em absinto, e muitas pessoas morreram por causa das águas, porque foram tornadas amargas.

Houve 3 versões diferentes da “luz dada por Deus” sobre a estrela chamada Absinto nas publicações das Testemunhas de Jeová até agora…

1. Calvino

*** Mistério Consumado (The Finished Mystery, Série VII – The Finished Mystety), p. 151 (em inglês, tradução minha) ***
Calvino detém a honra de ter sido, ao mesmo tempo, uma estrela papal…. É chamado Absinto. — Que nome perfeito para a doutrina que causou mais amargura contra Deus do que qualquer outra doutrina já ensinada, e para o homem que assou Serveto na estaca

2. Satanás

*** Luz I, p.126-127 (em inglês, tradução minha) ***
A ‘grande estrela’ que cai do céu como uma lâmpada chamejante era Satanás…. O nome dessa estrela é chamado ‘Absinto’, que significa amargo. Lançada fora do céu, Satanás está no ‘fel da amargura’

3. Clero da Cristandade

*** Livro “Cumprir-se-á, Então, o Mistério de Deus” pp.224,225 (em inglês, tradução minha) ***
Considerando essas características, que classe religiosa de pessoas poderia esta ‘grande estrela’ brilhante e chamejante representar, senão o clero cristão apóstata da Cristandade, Católico, Ortodoxo, Protestante e outras seitas? … Mas o que deveria ter sido ‘água’ espiritual para sustentar a vida espiritual dos povos, o clero cristão apóstata transformou em absinto amargo e mortal de doutrinas anti-bíblicas, anti-cristãs, pagãs e falsas.

Miguel, o Arcanjo

Miguel, o Arcanjo é descrito em Daniel 10:13 como “Miguel, um dos príncipes mais importantes” e Apocalipse 12:7 diz que “Miguel e os seus anjos batalharam contra o dragão, e o dragão e os seus anjos batalharam”. Entre 1880 e 1930, houve 5 alterações no entendimento da identidade de Miguel.

1. Um anjo que adora Jesus

*** Torre de Vigia de Sião, 1879, Novembro, p. 4 (em inglês, tradução minha) ***
Portanto, diz-se “Todos os anjos de Deus o adorem;” [isso deve incluir Miguel, o arcanjo, e por isso Miguel não é o Filho de Deus] e razão é que, por ele ter “por herança, obtido um Nome mais excelente que eles”.

2. O Papa e o Anticristo

*** Torre de Vigia de Sião, 1879, Dezembro, p. 6 (em inglês, tradução minha) ***
“Miguel e seus anjos” — o papado e seus apoiadores — lutaram contra o draão — os regentes pagãos, etc — e o grande dragão foi lançado fora do céu.

3. Miguel era Jesus Cristo antes de vir à Terra

*** Torre de Vigia de Sião, 1883, Junho, p.3 (em inglês, tradução minha) ***
Seria possível que ele, chamado Miguel — o mensageiro chefe de Jeová — fosse alguém mais além do nosso Senhor em sua condição pré-humana? Concluímos que ELE deve ter sido o “mensageiro chefe”.

4. O Papa, de novo!

*** Mistério Consumado (The Finished Mystery), 1917, p. 188 (em inglês, tradução minha) ***
“Miguel.— “Quem É Semelhante a Deus,” o Papa.”

5. Jesus no céu

Desde 1930, explica-se que Miguel é o nome celestial de Jesus.

*** it-2 p. 829 Miguel ***
A evidência bíblica indica que o nome Miguel se aplicava ao Filho de Deus antes de ele deixar o céu para se tornar Jesus Cristo, e também depois do seu retorno.

O Corpo Governante das Testemunhas de Jeová demonstra que não tem a menor ideia de como interpretar o livro bíblico de Apocalipse.

Dias Proféticos de Daniel

A grande quantidade de interpretações de Daniel ilustra a tentativa clássica de encontrar um cumprimento atual que não existe, resultando em contradições, alterações, inconsistências e pouco indício de orientação divina. O entendimento atual chega a ser, frequentemente, bem engraçado. As profecias discutidas aqui serão:

• 1260 dias
• 1290 dias
• 1335 dias
• 2300 dias
• 2520 dias – Sete Tempos

Durante os anos 18xx, Russell ensinou que os 1260 dias, os 1290 dias e os 1335 dias todos começaram no início do domínio papalem 539 EC. Visto que 539, 1799 e 1874 não são mais considerados relevantes, as explicações para essas profecias também precisaram mudar.

1260 dias

Daniel 12:7 e Apocalipse 11:3-6 falam de um período de 3 anos e meio, ou 1260 dias. Durante os anos 18xx, as Testemunhas de Jeová afirmavam que esses dias profetizavam 1260 anos. Agora, dizem que esse período corresponde a 1260 dias literais. Houve pelo menos 11 alterações, aplicadas a 9 períodos de tempo diferentes.

Visto que os 1260 dias não se alinham perfeitamente com nenhum período relevante da história das Testemunhas de Jeová, precisaram fazer inúmeros ajustes, nenhum deles convincente, e muitos nem mesmo duravam 1260 dias. Esses ajustes relacionavam-se com:

• Domínio Papal
• Primeira Guerra Mundial
• Fim dos Tempos dos Gentios
• Prisão de Rutherford
• Sentença de Rutherford

Aplicação dos 1260 dias nos anos 18xx

Originalmente, as Testemunhas de Jeová usavam o princípio de “um dia por um ano” para concluir que os 1260 dias representavam 1260 anos. Os 1260 dias eram entendidos como um período de 1260 anos de poder da Igreja Papal. Inicialmente, isso foi de 538 EC – 1798 EC. O livro Três Mundos (Three Worlds), de 1877, dizia (tradução minha):

“Se uma profecia pertence claramente a uma certo poder, e sua medida é dada em “dias”, e mesmo assim, ela exigiu tantos anos para se cumprir, temos razão para entender que “um dia”, nesse caso, simboliza “um ano”. E os fatos da história claramente apoiam que as pessoas de Roma e da Itália reconheceram e submeteram-se à supremacia da igreja papel, de 538 a.D a 1798.” p. 112

“A profecia, tanto em Daniel quanto em Apocalipse, exige que esse poder continuasse, “tempos e leis”, 1260 dias, ou um “tempo, e tempos e metade de um tempo”, ou “42 meses”; todos são usados em Apocalipse 12 e 13, significando a mesma coisa. Em 1798, o tempo expirou, e os 1260 anos terminaram.” p. 114

“O dia exato em que aquele período de 1260 anos terminou foi 15 de Fevereiro de 1798. Esse foi o ano em que o poder papal civil terminou, e a república foi declarada do capitólio de Roma.” p. 117

Quando Russell percebeu que o domínio papal começou em 539 a.D, ele ajustou o período para 539 a.D a 1799 a.D, apesar disso conflitar com suas declarações anteriores de que o domínio papal terminou em 1798.

*** Mistério Consumado, vol. VII, Estudos das Escrituras, p.173, em inglês, tradução minha ***
Literalmente, nos 3 anos e meio, nos tempos de Elias em que não houve chuva (Tiago 5:17) e nos 3 tempos e meio espirituais, ou 1260 anos, de 539 a.D a 1799, em que o mundo foi privado das chuvas de bênçãos.

Aplicação dos 1260 dias nos anos 19xx

No século 20 (anos 19xx), os 1260 dias passaram de dias proféticos para dias literais.

Em 1930, o livro Luz I explicou que os 1260 se estendiam da publicação de um artigo específico de A Sentinela em 7 de Novembro de 1914 até a expedição da ordem de prisão de Rutherford e dos líderes da Torre de Vigia, em 7 de Maio de 1918. Esse período soma exatos 1277 dias.

*** Livro Luz I, p. 198-199, em inglês, tradução minha ***
O artigo publicado na edição de 1 de Novembro de A Sentinela deveria estar nas mãos de seus leitores no final da primeira semana ou por volta do sétimo dia de Novembro de 1914. Quarenta e dois meses de 30 dias cada, ou 1260 dias, que equivalem a 3 anos solares e meio, começando na primeira semana de Novembro, a saber, 7 de Novembro de 1914, e terminando no sétimo dia de Maio de 1918. Exatamente 42 meses depois da publicação do artigo “Serapilheira” em A Sentinela, a saber, no sétimo dia de Maio de 1918, todos os oficiais da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, e que eram, então, os publicadores de A Sentinela, foram “subjugados”, no sentido de que foram presos sob acusação de violação de uma lei de espionagem e tratos com o inimigo, e seus trabalhos pararam.

Em 1969, o começo dos 1260 dias foram alterados para ir do fim dos Tempos dos Gentios (4 de Outubro de 1914) até o memorial de 26 de Março de 1918. (Veja Cumprir-se-á, Então, o Mistério de Deus, 1971, p. 261-263 [em inglês]). Esse período durava 1269 dias.

Em 1977, o início dos 1260 dias foram alterados para 28 de Dezembro de 1914, terminando em 21 de Junho de 1918. O dia 28 de Dezembro foi um dia qualquer, supostamente representando o período quando os Estudantes da Bíblia esperavam ser perseguidos, até a sentença de prisão de Rutherford. Esse período somava 1271 dias.

*** Livro Reino de Deus — Nosso Iminente Governo Mundial, p. 128-129, em inglês, tradução minha ***
A “terminação do despedaçamento do poder do povo santo” evidentemente começou em 21 de Junho de 1918. Nesse dia, a corte federal Americana sentenciou o presidente e o tesoureiro-secretário da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados e 5 dos seus associados da sede a longos tempos de prisão, somando um total de 140 anos. Bem, o dia 21 de Junho de 1918, de acordo com o calendário lunar, caiu em 11 de Tamuz de 1918. Três anos lunares antes disso, ou 11 de Tamuz de 1915, caiu em 23 de Junho de 1915. Daí, a metade de um ano lunar, ou 6 meses lunares, para trás disso cairíam de 11 de Tebete de 1914, que coincidia com 28 de Dezembro de 1914. Essa data, 28 de Dezembro de 1914, era muito apropriada. Durante o ano começando no início de Janeiro, a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados estava exibindo o famoso Fotodrama da Criação.

Em 1988, o livro Clímax de Revelação retornou à iterpretação de 1969:

*** Clímax de Revelação – re cap. 25 p. 164 par. 12 ***
Além disso, no começo do dia do Senhor, houve um período marcado de três anos e meio em que as experiências duras dos do povo de Deus tinham um paralelo com os eventos profetizados aqui — começando em dezembro de 1914 e continuando até junho de 1918.

Em 1993, A Sentinela retornou à interpretação de 1977:

*** w93 1/11 pp. 9-10 pars. 12-13 Os dias proféticos de Daniel e nossa fé ***
Para os Estudantes da Bíblia, a guerra representava um tempo de prova. Desde janeiro de 1914, eles haviam exibido o Fotodrama da Criação, uma apresentação bíblica que chamava atenção para as profecias de Daniel. No verão daquele ano, no hemisfério setentrional, irrompeu a guerra. Em outubro terminaram os tempos designados. Por volta do fim do ano, o restante ungido esperava perseguição, conforme se depreende do fato de que o texto do ano escolhido para 1915 foi a pergunta de Jesus aos seus discípulos: “Podeis vós beber do meu cálice?” baseado em Mateus 20:22, King James Version.
13 Portanto, a partir de dezembro de 1914, este pequeno grupo de testemunhas ‘pregava trajado de saco’, perseverando humildemente ao passo que anunciava os julgamentos de Jeová. Em 1916, para muitos foi um choque o falecimento de C. T. Russell, primeiro presidente da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (dos EUA). Com o aumento da febre de guerra, as Testemunhas enfrentaram crescente oposição. Algumas foram encarceradas. Outras, tais como Frank Platt, na Inglaterra, e Robert Glegg, no Canadá, foram torturadas por autoridades sadísticas. Por fim, em 21 de junho de 1918, J. F. Rutherford, o novo presidente, junto com os diretores da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (dos EUA), sob acusações falsas, foram sentenciados a longas penas de prisão. Assim, no fim do período profético, o “chifre pequeno” pôs fim à pregação pública organizada. — Daniel 7:8, Pontifício Instituto Bíblico.

Em 2007, as Testemunhas de Jeová revisaram mais uma vez seu livro Clímax de Revelação em seus estudos de livro. O Nosso Ministério de Setembro de 2006 fez a seguinte alteração sobre os 1260 dias. Visto que não mencionaram o dia de início (só o mês), o período de Dezembro de 1914 a 21 de Junho de 1918 poderia corresponder a um período de 1268 a 1298 dias:

*** km 9/06 p. 5 Ajustes para o livro Revelação — Seu Grandioso Clímax Está Próximo! ***
p. 164, § 12, substitua a terceira sentença por: Além disso, no começo do dia do Senhor, houve um período marcado de três anos e meio em que as experiências duras dos do povo de Deus tinham um paralelo com os eventos profetizados aqui — começando em dezembro de 1914 e continuando até junho de 1918.

De forma impressionante, todas as Testemunhas de Jeová vão achar que isso é uma “nova luz”, quando na verdade é uma “velha luz” de 1977, re-substituindo uma “nova luz” incorreta.

É interessante que, de 28 de Dezembro a 21 de Junho não temos 1260 dias, mas 1271 dias. Além disso, porque começar em Dezembro de 1914? A Primeira Guerra Mundial começou em Agosto, e os Tempos dos Gentios supostamente terminaram em Outubro. A organização simplesmente precisava chegar em 21 de Junho de 1918, e a partir daí, contou “mais ou menos” 1260 dias solares para trás e chegou numa data sem importância alguma em 1914. Na verdade, se contassem 1260 dias exatos para trás de 21 de Junho de 1918, chegariam em 8 de Janeiro de 1915. No entanto, a organização não tem nenhum interesse em 1915, e tem enorme interesse em 1914. Se os 1260 dias têm que ser entendidos como literais, faria sentido eles se referirem a um período exato de 1260 dias. Todas as interpretações das Testemunhas de Jeová são irrelevantes e forjadas.

Em 2013, eliminaram 1918 da jogada:

*** w13 15/7 p. 14, veja no jw.org ***
Nota para o parágrafo 6: Esse é um ajuste no entendimento. Antes, pensávamos que a inspeção de Jesus havia ocorrido em 1918.

*** Figura na w14 15/11 p. 30 ***

Isto remove um pouco do significado dos 1260 dias, visto que, embora continuem a ser entendidos como exatos e literais, eles agora são somados aos 3,5 “dias” figurativos para chegar a 1919.

*** w14 15/11 p. 30 ***
Quanto tempo durou essa inspeção e purificação? De 1914 à parte inicial de 1919. Esse período inclui tanto os 1.260 dias literais (42 meses) como os três dias e meio simbólicos mencionados no capítulo 11 de Revelação.

A linha do tempo não fornece datas específicas para o início e o fim dos 1260 dias, removendo a possibilidade de percebermos que os números não batem.

Nota: Os 1260 dias de Apocalipse 11:3 não devem ser confundidos com os 1260 dias de Apocalipse 12:6. Este segundo período é descrito como:

*** re cap. 27 p. 184 par. 26 ***
três anos e meio, estendendo-se, no Hemisfério Norte, da primavera de 1919 ao outono de 1922. Foi um período de recuperação e de reorganização animadoras para os da classe restaurada de João.

1290 dias

Aplicação dos 1290 dias nos anos 18xx (Século 19)

Originalmente, os 1290 dias de Daniel 12:11 eram os 1290 anos que se estendiam de 539 a 1829 EC. Este último marcava o início do movimento de Miller e a mesagem do Segundo Advento de Cristo. (Veja Estudo das Escrituras, Série 3 p. 84, Série 7 p.40,60,163, e A Sentinela de 1 de Novembro de 1914)

Aplicação dos 1290 dias nos anos 19xx (Século 20)

Os 1290 dias foram aplicados ao século 20 de forma bem estranha. Diz-se que esse período refere-se a dias, e não a anos, e está relacionado ao período entre o estabelecimento da Liga das Nações, em 8 de Janeiro de 1918, até o congresso de Cedar Point, Ohio, em 3 de Setembro de 1922.

Estranhamente, esse período não corresponde a 1290 dias, mas 1334 dias. Portanto, a profecia tem uma “margem de erro” de 2 meses. Para acomodar a profecia nesse período, as Testemunhas de Jeová afirmam que Daniel referia-se a meses de 30 dias e, por isso, 43 meses. De Janeiro de 1918 a Setembro de 1922, temos 43 meses se desconsiderarmos o primeiro e o último mês. Em outras palavras, dias do calendário solar são convertidos em meses lunares, e depois aplicados a meses solares para acomodar a profecia. Quanta imaginação!

*** A Sentinela de 15 de Julho de 1951, p. 443, em inglês, tradução minha ***
Os 1290 dias são, portanto, contatos da data do estabelecimento da abominação, que foi na parte final de Janeiro de 1919. Esse períoso de 3 anos e 7 meses termina em Setembro de 1922 – a data exata do congresso de Cedar Point mencionado acima.

Mais recentemente, as Testemunhas de Jeová apresentam essa informação de uma forma que quase convence que é um período literal de 1290 dias:

*** w93 1/11 p. 11 par. 15 ***
A Liga foi proposta em janeiro de 1919. Se contarmos 1.290 dias (três anos e sete meses) a partir daquele tempo, chegamos a setembro de 1922.

1335 dias

(Daniel 12:12) “Feliz aquele que se mantém na expectativa e chega aos 1.335 dias!

Nos anos 18xx (Século 19)

Os 1335 eram entendidos como 1335 anos do início do domínio papal em 539 EC até “a segunda presença do Senhor” em 1874 EC (Veja o livro Criação (Creation), 1927, 2,175,000 ed. p.298, em inglês).

Nos anos 19xx (Século 20)

A profecia dos 1335 dias agora é aplicada ao período entre o congresso de Cedar Point, em 3 de Setembro de 1922, e o congresso de Londres, em Maio de 1926.

*** w93 1/11 p. 11-12 par. 17,20 ***
Contando a partir de setembro de 1922, chegamos ao fim da primavera (do hemisfério norte) de 1926. O que aconteceu durante esses 1.335 dias? … Em maio de 1926, no congresso de Londres, Inglaterra, adotou-se uma resolução intitulada “Um Testemunho aos Regentes do Mundo”.

Este parece ser o mesmo raciocínio usado com os 1290 dias. Neste caso, há cerca de 1360 dias entre esses 2 congressos. O uso repetido da conversão lunar-para-meses-solares-no-meio, como foi usada na profecia dos 1290 dias, faria esta profecia ultrapassar o congresso alguns meses.

2300 dias

Nos anos 18xx (Século 19)

No início dos anos 18xx, John Aquina Brown ensinou que os 2300 dias de Daniel 8:14 terminavam em 1844. Russell achou que a purificação do santuário ao final dos 2300 dias havia ocorrido em 1846, sendo esta a data que Storrs supostamente abandonou doutrinas falsas. Os livros Estudo das Escrituras, Série 3, p. 67,108 e Série 7, p.163, explicam que os 2300 anos se estendem de 454 AEC (o início da profecia das 70 semanas com a reconstrução do templo) até 1846 EC.

Nos anos 19xx (Século 20)

O entendimento atual dos 2300 anos mostram quão estranha ficou a interpretação das Testemunhas de jeová, nesse esforço pra encontrar uma aplicação no século 20. De 1 de Junho de 1938 a 15 de Outubro de 1944, temos cerca de 2320 dias:

*** Livro Profecia de Daniel, dp cap. 10 pp. 177-178 par. 26,28 ***
Se “o lugar santo” é “levado”, ou restaurado, a como devia ser, os 2.300 dias devem ter começado quando antes estava na “condição correta”, do ponto de vista de Deus. O mais cedo seria em 1.° de junho de 1938, quando A Sentinela (em inglês) publicou a parte 1 do artigo “Organização”. A parte 2 foi publicada no número de 15 de junho de 1938 de A Sentinela (em inglês). (Ambas foram publicadas em português em A Torre de Vigia de junho/julho de 1938.) Contando 2.300 dias (6 anos, 4 meses e 20 dias no calendário hebraico) a partir de 1.° ou 15 de junho de 1938 chegaremos a 8 ou 22 de outubro de 1944. No primeiro dia duma assembléia especial realizada em Pittsburgh, Pensilvânia, EUA, em 30 de setembro e 1.° de outubro de 1944, o presidente da Sociedade Torre de Vigia (dos EUA) falou sobre o assunto “O Alinhamento Teocrático Hoje”. Na reunião anual da Sociedade em 2 de outubro, os estatutos dela foram emendados no esforço de harmonizá-los com os arranjos teocráticos o máximo que a lei permitia. Com a publicação de requisitos bíblicos refinados, a organização teocrática em pouco tempo estava mais plenamente em vigor nas congregações das Testemunhas de Jeová.
Na realidade, A Sentinela (em inglês) de 15 de outubro de 1944 (em português, em outubro de 1945) publicou um artigo intitulado “Organizados Para a Obra Final”. Este, bem como outros artigos orientados para a pregação no mesmo período, mostrou que os 2.300 dias haviam terminado e que “o lugar santo” estava novamente na “condição correta”.

2520 dias – Sete Tempos

Daniel 4 contém a profecia dos Sete Tempos. Essa profecia também mudou de uma aplicação no século 19 para uma aplicação no século 20. Durante os anos 18xx (século 19), essa profecia previa o fim do sistema de coisas em 1914. Nos anos 19xx, ela foi alterada para prever o início do sistema de coisas em 1914.

Utilizando mais um outro método de cálculos, os Sete Tempos são entendidos como dias ‘lunares’ convertidos para anos ‘solares’. Igualando um “tempo” a um ano de 360 dias lunares, sete tempos são 2520 dias, que tornam-se 2520 anos lunares. No entanto, de 607 AEC a 1914 EC, temos 2520 anos solares. Então, essa profecia é conseguida por fazer 1 dia lunar ser igual a 1 ano solar.

Elias e Eliseu

Conclusão

Quase toda vez que as Testemunhas de Jeová aplicam uma parte de Apocalipse à sua própria história moderna, se examinarmos de perto, não encontraremos nada no texto que aponte unicamente para tal aplicação. Considere os seguintes exemplos:

• Os toques das trombetas dos capítulos 8 a 11 corresponderem às declarações de Rutherford de 1920;
• Os 1260 dias do capítulo 11 corresponderem à prisão de Rutherford;
• Os 1260 dias do capítulo 12 corresponderem à revitalização da Sociedade Torre de Vigia;
• Babilônia, a Grande, representar as religiões falsas. Ela é simplesmente descrita como uma cidade que domina sobre a Terra, que faz comércio, significando Roma sentada em 7 montanhas. Apocalipse 18:21 diz: “Assim, com um lance rápido, Babilônia, a grande cidade, será lançada para baixo, e nunca mais será achada“;
• Os 144 mil serem Testemunhas de Jeová ungidas;
• A Grande Multidão ser Testemunhas de Jeová que sobreviverão ao Armagedom.

As Testemunhas de Jeová dedicaram 5 livros para interpretar Apocalipse, e todos derrubavam muito do entendimento anterior. Parece inapropriado dizer que Deus forneceu tais interpretações erradas e tristemente contraditórias. Se o entendimento das profecias muda tão dramaticamente com o passar do tempo e é ajustado toda vez que algo que parece mais relevante acontece, será que podemos dizer que essas interpretações são “lampejos de luz” revelados por Jeová? Não seria mais apropriado dizer que são escritas por estudantes da bíblia ansiosos, mas que estão perdidos no escuro?