A desassociação e o rompimento dos laços familiares

8 de maio de 2016

Este grande artigo está organizado nos seguintes tópicos:

Introdução

Cerca de 1% Testemunhas de Jeová é desassociada (expulsa) todo ano, ou seja, mais de 70.000 por ano.

*** w92 1/7 p. 19 par. 18 ***
Nos últimos anos, as desassociações no mundo inteiro têm sido aproximadamente de 1 por cento dos publicadores.

Estatísticas em A Sentinela w74 15/11 p. 680 (em português), e em A Sentinela de 1 de Dezembro de 1960 p. 728 (em inglês) mostram que basicamente só um terço retorna. Ou seja, dois terços nunca são readmitidos.

Ser desassociado pode resultar em sérios problemas emocionais, porque:

  • os desassociados que continuam a acreditar na doutrina das Testemunhas de Jeová acreditam que os desassociados estão condenados à destruição eterna, conforme citação abaixo:
    • *** A Sentinela, 15 de Dezembro de 1965, p. 751 (em inglês, tradução minha) *** Desassociação significa lançar um membro fora da Casa de Deus; e se alguém permanecer na condição de desassociado até sua morte, significaria sua destruição eterna como alguém rejeitado por Deus. Afastar-se das reuniões conduz a esse rumo.
  • os desassociados que param de acreditar e não desejam voltar para a religião percebem que, muito provavelmente, perderão o contato com sua família e amigos pelo resto de suas vidas.

A Sentinela de 1998 explica:

*** w98 1/10 p. 16 par. 15 Imite a misericórdia de Jeová ***
é biblicamente correto ‘remover o homem iníquo’ por desassociá-lo

*** w81 15/12 p. 18 par. 12 Como encarar a desassociação ***
Portanto, as Testemunhas de Jeová chamam apropriadamente de “desassociação” a expulsão de tal transgressor impenitente e ser ele depois evitado.

*** Mantenha-se no Amor de Deus, lv p. 207 ***
“Um simples ‘Oi’ dito a alguém pode ser o primeiro passo para uma conversa ou mesmo para amizade. Queremos dar este primeiro passo com alguém desassociado?”

As Testemunhas de Jeová só começaram a desassociar membros dessa forma em 1952, e a avaliação dos textos bíblicos envolvidos que faremos a seguir mostra que não há base bíblica para justificar esta prática aplicada de forma tão extensa. É uma forma de manipulação anticristã. Embora haja razão bíblica para limitar associação com irmãos praticando pecados, a aplicação feita pelas Testemunhas de Jeová desvia-se seriamente da orientação bíblica em inúmeros pontos.

A palavra “desassociação” não aparece na Bíblia.

  • 2 João 10 nos instrui a não cumprimentar o Anticristo. A organização das Testemunhas de Jeová usa esse único versículo para defender que não se deve dizer um simples “oi” para uma pessoa desassociada.
  • Em textos como 1 Coríntios 5, Paulo sugeriu limitar associação com Cristãos que praticam pecados, mas não evitar completamente.
  • As Testemunhas de Jeová desassociam por motivos nunca discutidos na Bíblia, tais como fumar, apostar e receber transfusão de sangue.
  • A desassociação é exagerada de forma que membros da família imediata não podem se associar com seus ente queridos desassociados.
  • A punição dura a vida toda, ou até que a pessoa seja readmitida nas Testemunhas de Jeová. Não basta a pessoa deixar de praticar o pecado que motivou sua desassociação.

Regras sobre como tratar os desassociados

A organização das Testemunhas de Jeová divide a punição dos pecadores em 2 categorias:

        • tomar nota de alguns (marcar)
        • desassociar ou dissociar outros.

Toma-se nota (marca-se) de pecados leves (pecados que ainda não são tão graves que mereçam a desassociação – w82 1/6 p.30), e não se anuncia o nome da pessoa. Aconselha-se a não participar de atividades de lazer com os marcados, mas somente atividades teocráticas. Por outro lado, anuncia-se o nome dos desassociados publicamente, e eles devem ser completamente evitados por todas as Testemunhas de Jeová em quase todas as circunstâncias. É importante saber que a Bíblia nunca usa o termo “desassociar” e não faz diferença entre “tomar nota”.

O termo dissociação, geralmente, é usado para Testemunhas de Jeová que voluntariamente saem da religião. Para os objetivos deste artigo, desassociação e dissociação serão considerados iguais, visto que as consequências para o indivíduo são quase idênticas, em ambos os casos, levando ao corte total das relações familiares e sociais. O livro Organizados para Fazer a Vontade de Jeová, edição de 2015, página 142, parágrafos 30 e 33 diz o seguinte:

*** Livro Organizados, od p. 142 par.30-33, edição de 2015 ***
30 O termo “dissociação” se aplica à ação tomada por um membro batizado da congregação que, de livre e espontânea vontade, rejeita sua posição como cristão. Ele faz isso por declarar que não quer mais ser reconhecido como Testemunha de Jeová. Ou talvez ele rejeite fazer parte da congregação cristã por meio de suas ações, por exemplo, tornando-se membro de uma organização que é condenada por Jeová Deus por ter objetivos contrários aos ensinamentos bíblicos. … 33 se um cristão decide se dissociar, a congregação é informada disso por meio deste breve anúncio: “[Nome da pessoa] não é mais Testemunha de Jeová.” Essa pessoa é tratada da mesma maneira que um desassociado.

A organização das Testemunhas de Jeová é muito clara quanto à forma como os desassociados devem ser tratados. Não se deve associar com desassociados por meras razões sociais em hipótese alguma. Não se devem nem mesmo dizer um simples “oi” para eles, nem mesmo dentro do Salão do Reino. Esse tratamento é muito mais duro do que o tratamento dispensado a alguém do mundo. Mas como veremos neste artigo, a Bíblia só diz que não devemos cumprimentar o Anticristo. Esse tipo de tratamento não devia se estender a outros pecadores, tais como os fornicadores. A organização junta todos os tipos de pecados num grupo só, e o tratamento deve ser igualmente duro para todos os desassociados, independente do pecado que foi praticado. Portanto, uma Testemunha de Jeová desassociada não pode receber cumprimentos, independentemente de seu pecado ser assassinato, mudar de religião ou simplesmente fumar cigarros.

Além de evitar os membros da congregação, deve-se evitar membros da família imediata também. Poucas pessoas concordariam que sua religião exigisse que eles parassem de falar com seu filho, e é difícil acreditar que a citação a seguir foi escrita no século 21:

*** A Sentinela de 2012, w12 15/4 p. 12 pars. 16-17 ***
Que dizer se um parente ou um grande amigo nosso for desassociado? Nesse caso, a nossa lealdade será provada, não a lealdade a essa pessoa, mas a Deus. Jeová nos observará para ver se acatamos, ou não, seu mandamento de não ter contato com nenhum desassociado. — Leia 1 Coríntios 5:11-13.
17 Vejamos apenas um exemplo do bem que pode resultar de a família apoiar lealmente a ordem de Jeová de não se associar com parentes desassociados. Certo jovem estava desassociado havia mais de dez anos e, durante esse período, seu pai, mãe e quatro irmãos ‘cessaram de ter convivência’ com ele. Às vezes, ele tentava se envolver nas atividades da família, mas, para crédito dela, todos os seus membros evitaram firmemente qualquer contato com ele. Já readmitido, ele disse que sentia muita falta da associação com a família, em especial à noite, quando ficava sozinho. Mas ele admitiu que, se a família tivesse se associado com ele, mesmo só um pouco, essa pequena dose o teria satisfeito. No entanto, ele não recebeu nem mesmo a menor comunicação de qualquer membro da família. Assim, seu forte desejo de estar com seus familiares contribuiu para a restauração de sua relação com Jeová.

Se lermos o texto que foi citado para justificar os parágrafos acima, 1 Coríntios 5, perceberemos facilmente que não menciona a palavra “desassociar”, não incentiva evitar ninguém totalmente, nem aplica-se a membros da família. Além disso, a ideia de chantagear um filho para voltar para a religião não passa de uma tentativa de aumentar o número de membros, e não parece ter valor espiritual genuíno.

A mesma experiência aparece na Sentinela w13 15/6 p. 28, onde a pessoa diz: “Se minha família tivesse tido nem que fosse um mínimo de contato comigo, por exemplo, apenas para ver como eu estava, isso teria me deixado satisfeito. Não teria contribuído para que meu desejo de estar com eles me motivasse a voltar para Deus.” Isso mostra que a família deve realmente evitar completamente outros membros da família.

A Sentinela w13 15/1 p. 16 chega ao ponto de proibir comunicações familiares por e-mail, dizendo: “Não procure desculpas para se associar com um membro da família desassociado, como, por exemplo, trocando e-mails.” Uma curiosidade: embora a tradução dessa frase na maioria das línguas seja igual, em espanhol eles aumentaram para “e-mail, telefone e mensagens de texto” (ver no site jw.org).

A seguir, citações de publicações de diversos anos diferentes sobre o tratamento que deve ser dado aos desassociados, e como eles devem ser encarados. Por causa dessas publicações, existem ex-Testemunhas de Jeová que são evitadas por membros familiares TJs já por décadas.

A regra atual de como tratar desassociados foi definida em A Sentinela de 15 de Dezembro de 1981, p. 16-20. As regras nesse artigo foram citadas no Ministério do Reino de Agosto de 2002 (km 8/02 p.3) e no livro Mantenha-se no Amor de Deus, de 2008 (ver no site jw.org). A inclusão dessas citações nesse livro de 2008 mostra que as regras continuam rígidas até hoje.

Mostraremos, a seguir, outras citações sobre como a organização espera que cada Testemunha de Jeová trate os desassociados.

*** A Sentinela, w14 15/11 p.14, par. 5 (ver no site jw.org) ***
Você está agindo com santidade por não se associar com um parente ou outras pessoas que foram desassociadas?

*** A Sentinela, w13 15/1 p. 16, (ver no site jw.org) ***
Realmente, o que seu querido membro da família precisa ver em você é sua firme determinação de colocar Jeová acima de tudo o mais — incluindo o vínculo familiar. … Não procure desculpas para se associar com um membro da família desassociado, como, por exemplo, trocando e-mails.

*** A Sentinela, w11 15/11 p. 5 ***
E todos os membros da congregação devem estar decididos a evitar a companhia de pessoas desassociadas.

*** A Sentinela, w11 15/7 p. 31 par. 12-15 ***
Suponha, por exemplo, que o filho único de um casal cristão exemplar abandona a verdade. Preferindo “o usufruto temporário do pecado” a uma relação pessoal com Jeová e com seus pais cristãos, o rapaz é desassociado. … a Bíblia ordena ‘cessar de ter convivência com qualquer que se chame irmão, que for fornicador… Eles sabem também que a palavra “qualquer” nesse versículo inclui membros da família que não vivem na mesma casa. … Nós nos compadecemos desses pais. O filho podia escolher, e ele escolheu levar uma vida não cristã em vez de preservar a sua estreita associação com os pais e outros irmãos na fé. Os pais, por outro lado, não podiam controlar as decisões do filho. … Mas o que esses pais queridos vão fazer? Obedecerão às claras orientações de Jeová? Ou será que vão achar que podem se associar regularmente com o filho desassociado e chamar isso de “assuntos familiares necessários”? Ao tomar sua decisão, eles não devem desconsiderar o que Jeová vai achar do que farão. Hoje, Jeová não executa de imediato os que violam as suas leis. Amorosamente, ele lhes dá uma chance de se arrependerem de suas obras más. Mas como Jeová se sentiria se os pais de um transgressor não arrependido e desassociado persistissem em se associar desnecessariamente com ele? Não seria isso pôr Jeová à prova?

*** w11 15/2 p. 32 par. 18 Você odeia o que é contra a lei? ***
Cortar o contato com o desassociado ou dissociado indica que você odeia as atitudes e ações que levaram a tal desfecho. Mas indica também que você ama o transgressor a ponto de fazer o que é melhor para ele. A sua lealdade a Jeová pode aumentar a possibilidade de a pessoa que foi disciplinada se arrepender e voltar para Jeová.

*** Mantenha-se no Amor de Deus, lv p. 207 ***
É realmente necessário evitar todo e qualquer contato com a pessoa? Sim, por várias razões. … Em outros casos, o parente desassociado talvez não faça parte da família imediata ou seja um membro da família imediata que não mora na mesma casa. Embora em raras ocasiões talvez se precise cuidar de um assunto familiar com um parente desassociado, tal contato deve restringir-se ao mínimo possível.

*** w07 15/1 p. 20 Como permanecer firme quando um filho se rebela ***
Se o filho não demonstra arrependimento e é cristão batizado, talvez receba a forma mais forte de disciplina: ser desassociado da congregação. Até que ponto você manterá contato com ele depois disso vai depender da idade dele e de outras circunstâncias.
Se o filho é menor de idade e não saiu de casa, naturalmente você continuará a cuidar de suas necessidades materiais. Ele precisa também de treinamento e disciplina moral, e você tem o dever de prover isso. (Provérbios 1:8-18; 6:20-22; 29:17) Talvez queira estudar a Bíblia com ele, ajudando-o a ter uma participação ativa no estudo. Poderá trazer à atenção dele vários textos bíblicos e publicações do “escravo fiel e discreto”. (Mateus 24:45) Também é de ajuda levá-lo às reuniões cristãs, sem necessariamente isolá-lo no local. Tudo isso pode ser feito na esperança de que ele venha a acatar os conselhos bíblicos.
A situação é diferente se o desassociado não é menor de idade e não mora com os pais. O apóstolo Paulo admoestou os cristãos na antiga Corinto: “[Cessai] de ter convivência com qualquer que se chame irmão, que for fornicador, ou ganancioso, ou idólatra, ou injuriador, ou beberrão, ou extorsor, nem sequer comendo com tal homem.” (1 Coríntios 5:11) Embora cuidar de necessários assuntos familiares possa exigir algum contato com o desassociado, os pais cristãos devem se esforçar em evitar associação desnecessária.
Se um filho transgressor for disciplinado por pastores cristãos, não seria sensato você tentar rejeitar ou dar pouca importância à ação deles, baseada na Bíblia. Tomar partido do filho rebelde não proveria nenhuma proteção real contra o Diabo. Na verdade, você estaria pondo em risco a sua própria saúde espiritual. Por outro lado, se apoiar os esforços dos pastores, você permanecerá ‘sólido na fé’ e proverá a melhor ajuda possível ao seu filho. — 1 Pedro 5:9.

*** km 8/02 p. 3 pars. 4-5 ***
E quanto a falar com o desassociado? Embora a Bíblia não trate de cada situação possível, 2 João 10 nos ajuda a entender o conceito de Jeová sobre a questão: “Se alguém se chegar a vós e não trouxer este ensino, nunca o recebais nos vossos lares, nem o cumprimenteis.” Comentando isso, A Sentinela de 15 de dezembro de 1981, na página 21, diz: “Um simples ‘Oi’ dito a alguém pode ser o primeiro passo para uma conversa ou mesmo para amizade. Queremos dar este primeiro passo com alguém desassociado?” De fato, é como diz o mesmo número de A Sentinela, na página 27: “O fato é que, quando um cristão se entrega ao pecado e tem de ser desassociado, ele perde muito: sua posição aprovada perante Deus; . . . a associação agradável com os irmãos, inclusive grande parte da associação que teve com parentes cristãos.”

*** km 8/02 p. 4 pars. 12-13 ***
É proveitoso cooperar com o procedimento bíblico da desassociação e evitar contato com transgressores impenitentes. Isso preserva a pureza da congregação e nos distingue como defensores das elevadas normas de moral da Bíblia. (1 Ped. 1:14-16) Protege-nos contra influências corrompedoras. (Gál. 5:7-9) Também dá ao transgressor a oportunidade de se beneficiar plenamente da disciplina recebida, que pode ajudá-lo a produzir “fruto pacífico, a saber, a justiça”. — Heb. 12:11. Depois de ouvir um discurso numa assembléia de circuito, um irmão e sua irmã carnal se deram conta de que precisavam mudar o modo como tratavam a mãe, que morava em outro lugar e havia sido desassociada seis anos antes. Logo depois da assembléia, o irmão ligou para a mãe e, depois de reafirmar seu amor por ela, explicou que não falaria mais com ela, a não ser que um assunto familiar importante exigisse esse contato.

*** A Sentinela, w88 15/4 p. 28 par. 13 ***
O desligamento de alguém da congregação cristã não envolve a morte imediata, de modo que os vínculos familiares continuam a existir. Assim, um homem que é desassociado ou que se dissociou ainda pode morar com a sua esposa cristã e seus filhos fiéis. … A situação é diferente quando o desassociado ou dissociado é um parente que vive fora do círculo familiar imediato ou no mesmo lar. Poderá ser possível ter quase nenhum contato com tal parente. Mesmo que houvesse alguns assuntos familiares que exigissem contato, este certamente ficaria reduzido ao mínimo, em harmonia com o princípio divino: “[Cessai] de ter convivência com qualquer que se chame irmão, que for fornicador, ou ganancioso [ou culpado de outro grave pecado], . . . nem sequer comendo com tal homem.” — 1 Coríntios 5:11. Compreensivelmente, isto pode ser difícil, por causa das emoções e dos vínculos familiares, tais como o amor de avós pelos netos. No entanto, trata-se duma prova de lealdade a Deus, conforme declarado pela irmã mencionada na página 26.

*** A Sentinela, w81 15/12 p. 23 par. 7 ***
Foi o desassociado que causou problemas para si mesmo e para seus parentes.

*** A Sentinela, w71 15/1 p. 63 ***
Contudo, pode haver alguns assuntos familiares absolutamente necessários que exigem comunicação, tal como a legalização dum testamento ou duma propriedade. Mas deve-se fazer o parente desassociado compreender que a sua situação mudou, que não mais é bem-vindo no lar, nem é companheiro preferido.

*** A Sentinela, 15 de Julho de 1963, p. 444 (em inglês, tradução minha) ***
O malfeitor precisa perceber que sua situação está completamente alterada, que seus parentes Cristãos fiéis desaprovam completamente sua atitude iníqua e mostram sua desaprovação por limitar o contato a apenas aquilo que for inevitável.

*** A Sentinela, 15 de Julho de 1961, p. 420 (em inglês, tradução minha) ***
Jesus encorajou seus seguidores a amar seus inimigos, mas a Palavra de Deus também diz para “odiar o que é mau”. Quando alguém persiste num caminho de maldade, depois de conhecer o que é certo, quando o mau torna-se tão enraizado que é parte inseparável de sua composição, então, a fim de odiar o que é mau, o Cristão deve odiar a pessoa com quem a maldade está inseparavelmente ligada.

*** A Sentinela, 15 de Novembro de 1952, p. 703 (em inglês, tradução minha) ***
Limitados pelas leis da nação mundana em que vivemos, e também pelas leis de Deus através de Jesus Cristo, podemos agir contra apóstatas apenas até certo ponto, ou seja, consistente com ambos os conjuntos de leis. A lei da terra e a lei de Deus por Jesus Cristo nos proibem de matar apóstatas, mesmo eles sendo membros do nosso próprio relacionamento familiar de carne e osso. No entanto, a lei de Deus exige que reconheçamos que foram desassociados desta congregação, e isso, apesar do fato de que a lei da terra em que vivemos nos põe sob uma obrigação natural de viver e tratar com tais apóstatas sob o mesmo teto. A influência de Satanás, através do membro desassociado da família, será no sentido de fazer os outros membros da família, que estão na verdade, juntar-se ao membro desassociado em seu proceder ou em sua posição contra a organização de Deus. Fazer isso seria desastroso e, por isso, o membro da família fiel deve reconhecer e obedecer a ordem de desassociar. Como fazer isso enquanto moram sob o mesmo teto ou mantém contato físico e pessoal com o desassociado? Desta forma: por recusar-se a ter relação religiosa com o desassociado.

Se alguém morre enquanto está desassociado, ainda não se pode associar com ele. Então, as Testemunhas de Jeová são ensinadas/convencidas a não comparecer em seu funeral:

*** w77 1/12 p. 731 Luto e funerais — para quem? ***
Nas “Perguntas dos Leitores” (A Sentinela de 1965, p. 288), adotou-se a posição de que um funeral para alguém que foi desassociado é impróprio. O comentário era: “Jamais queremos dar a impressão aos de fora de que uma pessoa desassociada era aceitável à congregação, quando, na verdade e na realidade, não era aceitável, mas fora desassociada de lá.” … A congregação cristã não quer macular seu bom nome por se associar com alguém a quem se aplica 2 João 9, 10, nem mesmo na sua morte.

É chocante saber que, em certos casos, até um pai ou mãe pode ser desassociado por associar-se com seus próprios filhos desassociados:

*** Antigo Livro dos Anciãos – Prestai Atenção a Vós Mesmos e a Todo o Rebanho, p.103 ***
Normalmente, um parente íntimo não seria desassociado por associar-se com o desassociado, a menos que haja associação espiritual ou esforços para justificar ou desculpar o proceder errado.

O Livro dos Anciãos mais atual, Pastoreiem o Rebanho de Deus (2010), reafirma isso, explicando que a associação com um parente desassociado pode resultar na perda de privilégios congregacionais e até mesmo na sua própria desassociação:

*** Livro dos Anciãos – Pastoreiem o Rebanho de Deus, ks10 p.114-116 ***
Ajudem os que se associam indevidamente com parentes desassociados ou dissociados … 6. Se os anciãos souberem que membros da congregação estão tendo associação indevida com parentes desassociados ou dissociados que não moram com eles, devem dar conselhos e raciocinar com esses membros da congregação à base das Escrituras. … Se ficar claro que um cristão está violando o espírito por trás da desassociação nesse respeito e ele não reagir aos conselhos, ele talvez não se qualifique para privilégios congregacionais por não ser exemplar. Esses casos só são cuidados judicativamente quando há associação espiritual contínua ou quando a pessoa critica abertamente a decisão de desassociação.

Deve-se notar que nem todas as Testemunhas de Jeová seguem estritamente as ordens da organização, mas quem continua a ter contato geralmente o faz escondido, por medo de ser desassociado também.

O que a Bíblia diz sobre Desassociação

Ao examinarmos os textos usados para apoiar a desassociação, fica claro que os escritores da Bíblia recomendaram “tomar nota” de um cristão pecador, mas não defendiam nada parecido com a prática das Testemunhas de Jeová de desassociar e evitar contato total.

O que Jesus disse

Jesus disse que não devemos julgar, mas amar a todos, principalmente aqueles que consideramos nossos inimigos:

(Lucas 6:27-37) “Mas eu digo a vocês que estão escutando: Continuem a amar os seus inimigos, a fazer o bem aos que odeiam vocês, a abençoar os que os amaldiçoam, a orar pelos que os insultam. Àquele que lhe bater numa face, ofereça também a outra; e a quem lhe tirar a capa, não impeça de levar também a túnica. Dê a todo aquele que lhe pedir e, se alguém lhe tirar o que é seu, não peça isso de volta. “Também, assim como querem que os homens façam a vocês, façam do mesmo modo a eles. “Se amarem aos que os amam, que mérito há nisso para vocês? Pois até mesmo os pecadores amam aos que os amam. E, se fizerem o bem aos que lhes fazem o bem, que mérito há nisso para vocês? Até os pecadores fazem o mesmo. Também, se emprestarem àqueles de quem esperam restituição, que mérito há nisso para vocês? Até mesmo pecadores emprestam a pecadores, para receberem de volta o mesmo. Ao contrário, continuem a amar os seus inimigos, a fazer o bem e a emprestar sem esperar nada de volta; e a sua recompensa será grande, e vocês serão filhos do Altíssimo, pois ele é bondoso com os ingratos e maus. Sejam sempre misericordiosos, assim como o seu Pai é misericordioso. “Além disso, parem de julgar, e de modo algum serão julgados; e parem de condenar, e de modo algum serão condenados. Continuem a perdoar, e serão perdoados.

Jesus estabeleceu a maneira como os cristãos pecadores devem ser tratados, em Mateus 18:15-17:

(Mateus 18:15-17) “Além disso, se o seu irmão cometer um pecado, vá mostrar-lhe o seu erro, somente você e ele. Se ele o escutar, você ganhou o seu irmão. Mas, se não o escutar, leve com você mais um ou dois, para que, com base no depoimento de duas ou três testemunhas, toda questão seja estabelecida. Se ele não os escutar, fale à congregação. Se não escutar nem mesmo a congregação, seja ele para você apenas como homem das nações e como cobrador de impostos.

 

Jesus não falou para evitar contato total com o pecador, mas para tratá-lo como cobrador de impostos, com quem o próprio Jesus conversava e tinha refeições. (Mateus 9:11)

Jesus não evitava aqueles que eram considerados apóstatas, e falava constantemente com os escrivas e fariseus, que ele condenava duramente em Mateus capítulo 23. Certa vez, ele permitiu que o fariseu Nicodemos visitasse para uma discussão bíblica, conforme registrado em João 3:1-21. Jesus até conversou diretamente com o apóstata original, Satanás.

O que 1 Coríntios 5:11 diz

A grande maioria das informações sobre como tratar pecadores dentro da congregação vem do apóstolo Paulo, e o principal texto que as Testemunhas de Jeová usam para convencer seus fiéis a evitar contato total com os desassociados é 1 Coríntios capítulo 5.

Paulo sugeriu uma abordagem equilibrada para lidar com pecadores, recomendando não se associar com eles, mas continuar os aconselhando como irmãos. Em 2 Tessalonicenses, fica muito claro que os cristãos deveriam “tomar nota” dos pecadores, não desassociá-los:

(2 Tessalonicenses 3:6, 14-15) Nós lhes damos instruções, irmãos, em nome do nosso Senhor Jesus Cristo: afastem-se de todo irmão que ande de modo indisciplinado e não segundo a tradição que vocês receberam de nós. Tessalonicenses : … 14 Mas, se alguém não for obediente ao que dizemos nesta carta, tomem nota dele e parem de se associar com ele, para que fique envergonhado. Contudo, não o considerem como inimigo, mas continuem a aconselhá-lo como irmão.

Paulo não disse que “tomar nota” era só para pecados leves, visto que a mensagem de 2 Tessalonicenses era destinada também aos que não glorificavam o nome do Senhor Jesus, aos que recusavam-se a trabalhar para seu sustento, e aos que haviam sido seduzidos por apostasia. Paulo não falou para desassociá-los e evitar contato total com eles, mas sugeriu que a congregação tomasse nota deles e continuasse os aconselhando como irmão. De maneira similar, os textos a seguir não sugerem cortar laços com a pessoa, mas para tomar nota para não se deixar influenciar por seus modos errados:

(Romanos 16:17) Eu os exorto agora, irmãos, a ficar atentos (a palavra “marcar” é usada em muitas traduções) àqueles que causam divisões e dão motivos para tropeço contrariando os ensinamentos que vocês aprenderam; afastem-se deles.

(Tito 3:10) Quanto ao homem que promove uma seita, rejeite-o depois de aconselhá-lo com firmeza uma primeira e uma segunda vez

Em1 Coríntios 5, Paulo listou, especificamente, os pecados que justificariam parar de se misturar com um irmão, mas esse conselho também parece muito com o conselho de “tomar nota” de um irmão:

(1 Coríntios 5:11-13) Mas eu lhes escrevo agora que parem de ter convivência com qualquer um que se chame irmão, mas que pratique imoralidade sexual, ou que seja ganancioso, idólatra, injuriador, beberrão ou extorsor; nem sequer comam com tal homem. Pois o que eu tenho a ver com o julgamento dos de fora? Não são vocês que julgam os de dentro, ao passo que Deus julga os de fora? “Removam do meio de vocês a pessoa má.”

1 Coríntios não diz para evitar contato total com um pecador, mas diz para parar de ter convivência com tal pessoa e não comer com ela, e isso indica que ele estava falando de socializar-se. Conforme a própria organização das Testemunhas de Jeová já explicou, isso tem a ver com socializar como amigos:

*** Nosso Ministério do Reino, km 8/02 p. 3 par. 3 ***
A Palavra de Deus declara que não devemos ‘sequer comer com tal homem’. (1 Cor. 5:11) Assim, evitamos também o convívio social com quem foi expulso. Isso significa que não vamos com ele a piqueniques, festas, jogos, compras, ao cinema, nem tomamos refeições com ele, quer em casa quer num restaurante.

O texto acima não diz que não devemos jamais falar com tal pessoa. Como Paulo explicou em 2 Tessalonicenses 3:14-15 (citado anteriormente), se ele estivesse numa reunião, seria razoável encorajá-lo. Cumprimentá-lo educadamente é definitivamente aceitável!

Dissociados

O livro de 1 Coríntios também especifica os pecados a que essas palavras se aplicam. O conselho tem a ver com alguém que “se chama irmão” que “pratique” os pecados listados lá. Não diz que eles deveriam continuar a ser evitados depois de eles deixarem de se identificar como um irmão Testemunha de Jeová. Ou seja, quando alguém se dissocia, formalmente dizendo que não se identifica como Testemunha de Jeová, ela deixa de se encaixar na situação descrita pelo texto, e não deveria ser evitada.

Somente enquanto pratica o pecado

Também não diz que deveriam evitar contato total com alguém que parou de praticar seu pecado. Acontece muito de um adolescente Testemunha de Jeová ser desassociado por fumar ou por praticar fornicação. Anos depois, eles já não praticam mais o pecado que resultou em sua desassociação, e nem são reconhecidos como Testemunhas de Jeová, e mesmo assim são evitados pela família e amigos, sem base bíblica.

Maioria, não todos

Pode-se perceber, também, que Paulo não insistiu que todos participassem dessa disciplina. Posteriormente, ele recomendou que a “maioria” participasse dessa repreensão, o que mostrava que alguns, na congregação, poderiam escolher não evitar alguém:

(2 Coríntios 2:5-6) Ora, se alguém causou tristeza, ele entristeceu não a mim, mas a todos vocês, até certo ponto — para não ser severo demais no que digo. Essa censura da parte da maioria é suficiente para esse homem;

A Tradução do Novo Mundo (assim como a maioria dos eruditos), por meio de uma referência cruzada nesse versículo, mostra que Paulo estava fazendo uma referência à situação ocorrida em 1 Coríntios 5:1. Paulo, em diversas ocasiões, deu conselho similar de ‘tomar nota’ e ‘evitar’ pecadores. Isso não significa que devemos ignorar totalmente, nunca cumprimentar, evitar contato visual, atravessar a rua para se esquivar de pecadores, e isso é o que as Testemunhas de Jeová fazem comumente com os desassociados.

O que diz 2 João 10

O tratamento extremo que a organização impõe, de não falar nem um simples “oi” para um desassociado, não se baseia nos textos acima, mas num único texto: 2 João 7-11:

(2 João 7-11) Pois muitos enganadores saíram pelo mundo afora, aqueles que não reconhecem que Jesus Cristo veio na carne. Eles são o enganador e o anticristo. Tenham cuidado para que vocês não percam as coisas que trabalhamos para produzir; em vez disso, que possam obter uma plena recompensa. Todo aquele que vai além dos ensinamentos do Cristo e não permanece neles não tem Deus. Quem permanece nesses ensinamentos é quem tem tanto o Pai como o Filho. Se alguém vier a vocês e não trouxer esses ensinamentos, não o recebam na sua casa, nem o cumprimentem. Pois quem o cumprimenta participa das suas obras más.

2 João está falando do anticristo e não deveria ser aplicado a todas as formas de pecado, como a organização das Testemunhas de Jeová faz.

Para justificar sua posição, a organização das Testemunhas de Jeová descreve os que param de ser Testemunhas de Jeová como apóstatas e como do Anticristo, dizendo o seguinte:

*** w85 15/7 p. 32 ***
Ajuda ao Entendimento da Bíblia indica que a palavra “apostasia” provém da palavra grega que significa literalmente “‘afastar-se de’, mas tem o sentido de ‘deserção, abandono ou rebelião’” … abandono dos padrões morais corretos … Tais pessoas que voluntariamente abandonam a congregação cristã tornam-se, desta forma, parte do ‘anticristo’.

Na verdade, muitos que deixam de ser Testemunhas de Jeová continuam a seguir Jesus e os padrões moral da Bíblia, mas descobriram que a organização Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, das Testemunhas de Jeová, não é guiada por Jesus.

Interessantemente, o conselho de João aqui não se limitava a ex-cristãos. Incluía todos os que negavam a Cristo. Isso incluía Judeus que rejeitaram Jesus, assim como pessoas das nações que adoravam outros deuses e nunca foram cristãos. Ainda assim, a posição das Testemunhas de Jeová aplica-se apenas a ex-Testemunhas de Jeová.

O significado da frase “não o recebam na sua casa” deve ser entendido no contexto de como era a hospitalidade na Jerusalém do primeiro século. Visto que os cristãos faziam suas reuniões em suas casas, João provavelmente sentiu que convidar alguém que negava a Cristo para dentro de sua casa poderia ser interpretado como compartilhar a adoração com não-cristãos.

Da mesma forma, o termo “não o cumprimentem” precisa ser entendido sob a luz dos costumes do primeiro século. No artigo a seguir, a organização das Testemunhas de Jeová afirma, incorretamente, que João usou o termo ‘cumprimentar’ para referir-se a um simples “oi”:

*** w88 15/4 A disciplina que pode dar fruto pacífico ***
[Nota(s) de rodapé] João usou aqui khaí·ro, que era um cumprimento tal como “bom dia” ou “olá”. (Atos 15:23; Mateus 28:9) Ele não usou a·spá·zo·mai (como no versículo 13 ), que significa “envolver nos braços, por conseguinte, saudar, dar boas-vindas”, e pode ter subentendido um cumprimento muito cordial, mesmo com um abraço. (Lucas 10:4; 11:43; Atos 20:1, 37; 1 Tessalonicenses 5:26) Portanto, a diretriz de 2 João 11 pode muito bem significar nem mesmo dizer “olá” a tais.

Este artigo afirma que a palavra khaíro é usada para proibir um simples cumprimento, em vez de aspázomai, que significa um abraço mais afetuoso, envolver nos braços, beijar, saudar ou dar boas vindas. Esse raciocínio está errado, porque o correto é exatamente o oposto disso. A obra Strong’s Concordance diz (em inglês, tradução minha):

        • 5463 chairo {khah’-ee-ro} 1) alegrar-se, estar feliz 2) regozijar-se 3) estar bem, prosperar 4) saudação: salve! 5) no início de cartas: para cumprimentar ou saudar alguém
        • 783 aspasmos {as-pas-mos} 1) uma saudação, seja ela oral ou escrita

O livro de 2 João não indica que um cumprimento educado seja errado. Jão está mostrando que um cristão pode estar compartilhando das obras do anticristo se mostrar aceitação ou acordo com a causa ou com os ensinos dos malfeitores, ou se desejar-lhes favor ou sucesso.

A organização das Testemunhas de Jeová usa esse único texto de 2 João para impor que todo desassociado ou dissociado não seja sequer cumprimentado por educação. Essa regra aplica-se para qualquer pecado que as Testemunhas de Jeová consideram digno de desassociação, e isso inclui uma longa lista de regras criadas pela organização, tais como jogatina, fumar ou aceitar transfusão de sangue. Todos os amigos do desassociado que são Testemunhas de Jeová são instruídos a nunca mais cumprimentá-lo, a menos que ele se arrependa e seja formalmente readmitido pelas Testemunhas de Jeová. Como autor deste site, posso dizer, por experiência própria, que minha própria mãe e irmãos não falam comigo há anos. Na Bíblia, essa punição de cortar relações é mencionada apenas uma vez, e deveria aplicar-se somente ao Anticristo, e, por isso, está sendo mal utilizada com extremismo.

Processo Judicativo sem base Bíblica

O processo que as Testemunhas de Jeová seguem para desassociar distancia-se muito dos princípios bíblicos em inúmeras áreas.

Razões não mencionadas na Bíblia

Deveria sempre haver base bíblica clara para justificar uma desassociação, e o escritor bíblico João repreendeu Diótrefes por tentar expulsar pessoas da congregação desnecessariamente em 3 João 9-10:

(3 João 9, 10) Escrevi algo à congregação, mas Diótrefes, que gosta de ocupar o primeiro lugar entre eles, não aceita nada de nós com respeito. 10 É por isso que, se eu for aí, trarei à atenção as coisas que ele tem feito, as calúnias que tem espalhado sobre nós. Não satisfeito com isso, ele se recusa a receber os irmãos com respeito e tenta impedir e expulsar da congregação aqueles que querem recebê-los.

Os textos bíblicos sobre evitar contato (afastamento), escritos por Paulo e João, limitam-se a apenas as seguintes áreas: fornicação, ganância, idolatria, injuriadores, bebedeiras, extorsão, e a quem não permanece nos ensinamentos de Cristo. Apocalipse 21:8 não fala exatamente desse mesmo afastamento, mas se fizéssemos uma concessão, poderíamos considerar que sim, e daí adicionaríamos as seguintes áreas: adultério, homens mantidos para propósitos desnaturais, homens que se deitam com homens, ladrões, covardes, os sem fé, os nojentos em sua impureza, assassinos, espíritas e mentirosos. Essa lista deveria, por força de lei, incluir todos os pecados que justificam uma desassociação. A lista enorme de violações criadas pelas Testemunhas de Jeová incluem inúmeras práticas não mencionadas na lista acima, a exemplo das transfusões de sangue. No entanto, a organização vai além! Práticas comuns, nunca mencionadas na bíblia como sendo pecado, tornaram-se base para desassociação. Tais práticas comuns incluem:

        • Sexo anal e oral
        • Jogatina – comum ao longo da história (lançaram sortes sobre as roupas de Jesus – Mat 27:35)
        • Uso de drogas como a maconha (era comum no primeiro século)
        • Celebrações – Romanos 14:1-18 diz, especificamente, para não julgar ninguém que observa certos dias

Se Jeová quisesse que seus seguidores evitassem contato com quem praticava essas coisas, a Bíblia diria claramente. Será que as Testemunhas de Jeová deveriam criar regras de desassociação além das listadas na bíblia? Claro que não! Jesus condenou os fariseus por criarem milhares de leis para cada situação, em vez de promover os princípios divinos e entender o significado de piedade. Certa vez, quando um fariseu ficou surpreso ao ver que Jesus não havia feito o ritual de se lavar antes do jantar, Jesus o repreendeu de forma bastante dura:

(Lucas 11:42) Mas ai de vocês, fariseus, porque dão o décimo da hortelã, da arruda e de todas as outras ervas, mas desconsideram a justiça e o amor a Deus!

(Mateus 12:7) No entanto, se vocês tivessem entendido o que significa: ‘Quero misericórdia, e não sacrifício’, não teriam condenado os inocentes.

Se Deus falasse diretamente com o Corpo Governante (como ele falava com os Apóstolos) e seus escritos fossem infalíveis (como eram os dos Apóstolos), então talvez eles tivessem autoridade para acrescentar algo às escrituras. Mas como eles mesmos admitem, não é o caso. O Corpo Governante não é infalível e não é inspirado por Deus para escrever regras adicionais que não aparecem na Bíblia. Por esta razão, a lista de pecados que merecem desassociação deveria se limitar à lista da bíblia.

Regras adicionais continuam a ser acrescentadas a essa lista, a exemplo do artigo de A Sentinela de 2006 – w06 15/7 p.30 – que explicou que “crassa impureza” e “impureza com ganância” são base para desassociar alguém por praticar “pesadas carícias”, “telefonemas de cunho explicitamente sexual”, e “ver pornografia”.

Tribunal Judicativo Confidencial a Portas Fechadas

Para determinar se alguém deve ser desassociado, os anciãos formam uma “comissão judicativa” para se reunir com o pecador. Essa reunião é privada, e o pecador não tem permissão para trazer um observador, um advogado ou mesmo um dispositivo de gravação de áudio e/ou vídeo.

*** Livro dos Anciãos – ks10 – Pastoreiem o Rebanho de Deus, p. 90 ***
Escutem apenas as testemunhas com informações relevantes sobre a suposta transgressão. Não se devem permitir depoimentos de quem pretende falar apenas sobre o caráter do acusado. As testemunhas não devem ouvir detalhes nem depoimentos de outras testemunhas. Não é permitida a presença de observadores para dar apoio moral. Não é permitido o uso de aparelhos de gravação.

Esse cenário permite que ocorra abusos nos procedimentos.

Muitas pessoas relatam quão humilhante é, para uma mulher, sentar-se na frente de 3 homens e descrever, em profundos detalhes, atos sexuais que são considerados pecaminosos.

O vídeo abaixo comecará aos 50m46s e terminará automaticamente aos 58m57s.

O vídeo acima comecará aos 50m46s e terminará automaticamente aos 58m57s.

A expressão “comissão judicativa” não aparece na Bíblia, e viola princípios bíblicos. Tanto os Israelitas quanto as congregações cristãs primitivas discutiam os problemas abertamente entre as pessoas. Em vez de serem resolvidos privativamente, diante apenas de anciãos, os assuntos eram tratados pelos Israelitas nos portões da cidade para que uma discussão justa, com observadores, pudesse ser feita, ou na frente da congregação cristã. Isso evitava injustiças que podem ocorrer diante de um pequeno grupo de anciãos.

*** w77 1/3 p. 152 par. 9 Repreensão “perante todos os espectadores” ***
Os regulamentos e relatos bíblicos indicam que os casos de transgressões eram levados perante os anciãos da cidade, nos portões, principalmente quando havia controvérsias envolvidas, como no caso em que um ofensor não admitia ter prejudicado outro, e também quando a comunidade, como um todo ficava seriamente afetada ou em perigo por causa da transgressão.

(1 Timóteo 5:20) . . .Repreende perante todos os espectadores aqueles que praticam o pecado, para que os demais também tenham temor.

*** g81 22/12 p. 17 Em busca de raízes jurídicas ***
Visto que o tribunal local estava situado nos portões da cidade, não havia dúvida de o julgamento ser público! (Deut. 16:18-20) Sem dúvida, os julgamentos públicos ajudavam os juízes no sentido de exercerem cuidado e justiça, qualidades estas que às vezes faltam nas audiências em tribunais secretos e arbitrários.

Em Mateus 18:17, Jesus ensinou que as transgressões não resolvidas deveriam ser levadas “à congregação”, não a uma comissão selecionada de líderes da congregação. Era asim que as contravenções eram julgadas originalmente. O arranjo da comissão judicativa só foi inaugurado por Knorr em 1944, conforme artigo sobre o desenvolvimento histórico da desassociação.

Motivo da Desassociação não é Revelado

Nos tempos bíblicos, quando uma pessoa era desassociada ou repreendida publicamente, a congregação deveria saber o motivo. Paulo abertamente falou à congregação da conduta errada de Pedro, , Alexandre, Diótrefes e Himeneu. Para evitar problemas legais, a organização não segue esse conselho bíblico. O anúncio da desassociação/dissociação limita-se a:

“[Nome da pessoa] não é mais Testemunha de Jeová”. – Organizados para Fazer a Vontade de Jeová (edição de 2005 de capa verde), página 154, ou edição de 2015 de capa cinza/colorida, página 141.

Rapidez do Processo Judicativo

A bíblia não menciona um limite de tempo em que o processo deve ocorrer. Ela indica que um tempo considerável pode ser necessário:

(Gálatas 6:1) Irmãos, mesmo que um homem, sem perceber, dê um passo em falso, vocês que têm qualificações espirituais tentem reajustar esse homem num espírito de brandura. Mas olhe cada um para si mesmo, para que não seja tentado também.

Reajustar um irmão pode levar um tempo considerável. Se alguém for viciado em algumas práticas ou se estiver com dúvidas sobre a doutrina, poderia levar meses de esforço para superar isso. Mesmo assim, muitas vezes, quando uma Testemunha de Jeová confessa (ou alguém denuncia), a desassociação ocorre dentro de poucas semanas. Além disso, se o processo serve para reajustar alguém, isso indica que a pessoa não continuaria desassociada depois de se reajustar e de abandonar aquele pecado, tal como receber sangue ou terminar um caso amoroso de adultério. Mesmo assim, o que geralmente ocorre nesses casos é a dissociação automática ou a muito provável desassociação.

Caráter Punitivo

O contato com o desassociado deveria ser cortado com o objetivo de reajustá-lo ou de proteger a congregação. No entanto, é usado, regularmente, em caráter punitivo. Quando alguém confessa que cometeu um pecado no passado mas já parou há muitos anos, essa pessoa geralmente é desassociada e isso é obviamente feito em caráter punitivo.

Exageradamente Penoso

Verificando o Estudo Perspicaz das Escrituras, Volume 2, página 86, sob Expulsão, vemos que muitos dos textos bíblicos usados que se relacionam com desassociação, falam de ajudar ou repreender a pessoa:

(2 Coríntios 2:5-8) Ora, se alguém causou tristeza, ele entristeceu não a mim, mas a todos vocês, até certo ponto — para não ser severo demais no que digo. 6 Essa censura da parte da maioria é suficiente para esse homem; 7 agora, ao contrário, vocês devem perdoá-lo bondosamente e consolá-lo, para que ele não seja vencido pela excessiva tristeza. 8 Eu os exorto, portanto, a reafirmar o seu amor por ele.

Algumas pessoas ficam tão traumatizadas ao ser desassociadas que muitos até pensam em suicidar-se. É comum sofrer Distúrbio do Choque Pós Traumático. A posição dura da organização das Testemunhas de Jeová tem um efeito contraproducente: a desassociação tem feito muitos duvidarem que as Testemunhas de Jeová são a religião verdadeira. O trauma e o esforço gigante necessários para serem readmitidos tem feito com que comecem a pesquisar em outras fontes além das publicações da própria religião, e isso tem levado muitos a concluir que as Testemunhas de Jeová não são a religião escolhida por Deus.

Em muitas religiões, quando alguém perde sua fé ou começa a praticar algum pecado, tal pessoa acaba se afastando da igreja e começa a se associar com indivíduos que pensam igual, fora da congregação. É o que ocorre com muitos jovens testemunhas não batizados: com o tempo eles abandonam a religião, geralmente na adolescência. A maioria dos que não obedecem as orientações da organização e/ou que não acreditam que ela é A Verdade, param de ir às reuniões. No entanto, a desassociação é uma forma de armadilha que força as Testemunhas de Jeová batizadas a desperdiçar anos de suas vidas indo a reuniões sem acreditar ou aceitar as normas da organização. Fazemos isso para evitar ser desassociados, e para poder manter contato com a família. A desassociação acaba encorajando pecadores a permanecer na religião, mas vivendo uma vida dupla, e essas pessoas acabam sendo má influência para outros seguidores. Talvez menos seguidores seriam “mal influenciados” se os pecadores fossem encorajados a sair de uma vez por todas da religião.

Fariseus

Visto que a palavra “desassociado” não aparece na Bíblia, o índice de palavras da Tradução do Novo Mundo com Referências orienta o leitor a verificar o termo “expulso”:

*** Rbi8 p. 1446, veja no jw.org ***
DESASSOCIADO. Veja EXPULSAR, EXPULSO.

Sob EXPULSO, os textos listados são:

EXPULSO, João 9:22 , João 12:42 e. da sinagoga

Ambas as referências referem-se à prática dos Fariseus de expulsar da Sinagoga.

(João 9:22) Seus pais disseram isso porque estavam com medo dos judeus, pois os judeus já tinham chegado a um acordo para expulsar da sinagoga qualquer pessoa que o reconhecesse como Cristo.

O texto que a organização conseguiu encontrar que se aproxima mais do termo desassociação é esse dos Fariseus.

Ódio

A orientação dada na revista A Sentinela, que exige que seus membros odeiem os apóstatas, contraria fortemente os exemplos cristãos:

*** w92 15/7 p. 12 par. 19 Cristo odiava o que é contra a lei — odeia-o você também? ***
A obrigação de odiar o que é contra a lei aplica-se também a todas as atividades dos apóstatas. Nossa atitude para com os apóstatas deve ser a de Davi, que declarou: “Acaso não odeio os que te odeiam intensamente, ó Jeová, e não tenho aversão aos que se revoltam contra ti?

*** w93 1/10 p. 19 par. 15 “Esquadrinha-me, ó Deus” ***
Alguns apóstatas professam conhecer e servir a Deus, mas rejeitam ensinos ou requisitos delineados na Sua Palavra. Outros afirmam crer na Bíblia, mas rejeitam a organização de Jeová e tentam ativamente obstaculizar a sua obra. Quando eles deliberadamente escolhem tal maldade depois de conhecerem o que é correto, quando o mal se torna tão entranhado que se torna parte inseparável de sua constituição, o cristão precisa odiar (no sentido bíblico da palavra) os que se agarraram inseparavelmente à maldade. Os cristãos verdadeiros compartilham dos sentimentos de Jeová para com tais apóstatas; não são curiosos a respeito das idéias dos apóstatas. Ao contrário, ‘sentem aversão’ para com os que se fazem inimigos de Deus, mas deixam que Jeová execute a vingança.

Tanto Jesus quanto Paulo disseram que não deveríamos odiar, mas amar nossos inimigos. Isso deveria se aplicar mesmo quando alguém está atacando nossa fé.

(Mateus 5:44, 45) No entanto, eu lhes digo: Continuem a amar os seus inimigos e a orar pelos que perseguem vocês, 45 para que vocês mostrem ser filhos de seu Pai, que está nos céus, visto que ele faz o seu sol se levantar sobre os maus e sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos.

(Romanos 12:17-21) Não retribuam a ninguém mal com mal. Preocupem-se com o que é bom aos olhos de todas as pessoas. 18 Se possível, no que depender de vocês, sejam pacíficos com todos. 19 Não se vinguem, amados, mas deem lugar à ira; pois está escrito: “‘A vingança é minha; eu retribuirei’, diz Jeová.” 20 Mas, “se o seu inimigo estiver com fome, dê-lhe algo para comer; se ele estiver com sede, dê-lhe algo para beber; pois, fazendo isso, você amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele”. 21 Não se deixe vencer pelo mal, mas continue vencendo o mal com o bem.

Quando Paulo falou de uma pessoa seduzida pela apostasia, Paulo disse, em 2 Tessalonicenses 3:15:

(2 Tessalonicenses 3:15) Contudo, não o considerem como inimigo, mas continuem a aconselhá-lo como irmão.

Quando Jesus disse que precisávamos amar ao próximo como a nós mesmos se quiséssemos obter a vida eterna, ele usou a ilustração do bom Samaritano para explicar quem é nosso próximo. (Lucas 10:25-37) Os Judeus consideravam os Samaritanos como apóstatas da religião Judaica, mas Jesus disse que nosso amor deveria envolver essas pessoas também.

Batizados sem Entender

Desde 1985, o segundo voto de batismo das Testemunhas de Jeová tornou-se este:

*** w85 1/6 p. 31 ***
Compreende que a sua dedicação e o seu batismo o identificam como uma das Testemunhas de Jeová, em associação com a organização de Deus, dirigida pelo espírito dele?

No batismo, a pessoa se dedica à Organização Torre de Vigia, apesar da palavra “organização” nunca aparecer na Bíblia. Poucos percebem que dedicaram à organização suas vidas, suas escolhas de trabalho, seus relacionamentos familiares, e seus amigos. Expressões tais como “governo eclesiástico das Testemunhas de Jeová” não são usados nas publicações da Torre de Vigia para o público, mas aparecem nas cartas confidenciais enviadas às filiais e aos anciãos. Será que todas essas pessoas que se batizaram ficariam satisfeitas se soubessem que dedicaram-se não só a Jeová, a Jesus e ao Espírito Santo, mas também a um governo eclesiástico que tem o direito de introduzir novas regras a qualquer momento?

Poucos dos que são batizados realmente conhecem a história da religião a fundo. Ao ser batizado, ninguém sabe da lista completa de práticas que são consideradas pecados e poderiam levá-lo à desassociação. Essa lista não está disponível para se obter, e muitos dos “pecados” não estão claramente especificados na Bíblia. A maioria dos itens dessa lista estão espalhados em várias publicações da organização, e os novatos raramente vêem todos eles. Além disso, as publicações não contém essa lista completa de razões que levam à desassociação. Mesmo quem já está na organização há décadas geralmente desconhece todas as razões. Sobre a desassociação, o Livro dos Anciãos – KS – Prestai Atenção a Vós Mesmos e a Todo o Rebanho, na página 101, diz que os anciãos devem certificar-se que estão agindo “em harmonia com as mais recentes orientações da Sociedade”.

Somente os anciãos têm acesso ao livro Prestai Atenção a Vós Mesmos e a Todo o Rebanho e às cartas da organização. Em 2010, um novo Livro dos Anciãos foi lançado: Pastoreiem o Rebanho de Deus. Dos seus 12 capítulos, 7 deles tratam da desassociação. Uma Carta para os Anciãos, de 7 de Outubro de 2010 (nos Estados Unidos), mostra quão secreto é esse livro, ao dizer que mulheres não podem encadernar o livro, mesmo se estiverem sendo supervisionadas:

*** Carta aos Anciãos, 07/Out/2010 (em inglês, tradução minha) ***
Não há qualquer objeção caso um ancião encaderne seu próprio livro ou faça-o para outros anciãos. Se ele pedir a outro irmão batizado que não é ancião para fazer esse trabalho para ele, o ancião deve vigiar enquanto o trabalho estiver sendo realizado. Empresas, descrentes ou irmãs não estão autorizados a fazer esse trabalho. O material do livro é confidencial e a confidencialidade tem que ser preservada.

Similarmente, a Carta aos Anciãos de 23/Ago/2010 diz:

*** Carta aos Anciãos, 23/Ago/2010 (em inglês, tradução minha) ***
A informação foi projetada para uso de anciãos apenas, e outros indivíduos não deveriam ter nenhuma oportunidade de ler a informação.

Nem os anciãos conhecem as orientações para todas as situações, visto que cenários mais difíceis são discutidos em cartas específicas para as filiais de Betel. A maioria das pessoas são batizadas sem saber nem que esses livros e cartas sequer existem, quanto mais conhecer seu conteúdo!

Quanta informação Jesus proveu para os Apóstolos e proibiu que eles compartilhassem com outros? Uma religião que desassocia e corta toda a comunicação com a pessoa deveria ser, no mínimo, transparente e fornecer acesso total às informações sobre as regras da expulsão antes de alguém infringir tais regras, em vez de escondê-las até dos membros mais antigos.

Menores de Idade

É preocupante o fato da organização das Testemunhas de Jeová encorajar crianças criadas na religião a se batizarem antes da maioridade. Até mesmo crianças na pré-adolescência podem ser batizadas e ficar sujeitas às regras da desassociação pelo resto de suas vidas.

*** w92 1/3 p. 27 ***
No verão de 1946, fui batizada no congresso internacional de Cleveland, Ohio. Embora eu tivesse apenas seis anos, estava decidida a cumprir minha dedicação a Jeová. Naquele verão servi como pioneira pela primeira vez.

O batismo das Testemunhas de Jeová é um contrato vinculante verbal com a Organização Torre de Vigia e, assim sendo, o batismo de menores é errado tanto em sentido legal quanto bíblico. A bíblia não menciona nenhum batismo de menores. Jesus só foi batizado aos 30 anos, e os Judeus consideravam que um jovem tornava-se adulto aos 30 anos. Quando Cornélio e sua família foram batizados, não se diz que menores foram batizados, e não há evidência bíblica de que crianças ou adolescentes tenham sido batizados. As ideias e o conhecimento das crianças mudam dramaticamente entre a adolescência e seus 20 e tantos anos. Por esta razão, a lei protege os direitos dos menores. Um menor de idade geralmente não pode firmar contratos, beber, votar, entrar para o exército nem casar-se.

Quando um menor de idade batizado escolhe deixar de ser Testemunha de Jeová, ele é geralmente desassociado. Então, a família e os amigos daquele adolescente ficam proibidos pela religião de se associar livremente com ele, pelo resto da vida. Até mesmo crianças podem ser desassociadas!

*** Livro dos Anciãos – KS – Prestai Atenção a Vós Mesmos e a Todo o Rebanho, p. 98 ***
Quando um menor batizado fica envolvido num ato errado que ameaça a pureza da congregação, uma comissão designada deve reunir-se com ele assim como faria com qualquer outro membro da congregação .

O vídeo abaixo comecará aos 02h14m39s e terminará automaticamente aos 02h17m57s.

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Família

Um pai que era Testemunha de Jeová deu o seguinte relato sobre sua filha desassociada:

“Eu fui informado de que não poderia falar com minha própria filha devido aos pecados que a levaram a ser desassociada. É uma presunção idiota de que eu não era maduro o suficiente para resistir à gravidade potencial da vida pecaminosa dela, e de que eu precisava ser protegido. Pelo amor de Deus! Ela teve relação sexual sem ser casada; nem mais, nem menos. Ela não representava perigo para minha integridade. E eu era o pai dela, a quel ela deveria recorrer quando precisasse. Aquela era a época em que ela mais precisava de apoio para superar a ‘confusão normal de adolescente e o excesso de hormônios’. Eu eu deveria tratá-la como se estivesse morta.”

O Novo Testamento nunca incluiu a família imediata na punição de cortar relações. Em vez disso, Paulo disse o seguinte em 1 Timóteo 5:8:

(1 Timóteo 5:8) Certamente, se alguém não provê o necessário para os seus, e especialmente para os membros de sua família, renega a fé e é pior do que alguém sem fé.

Procedimento para ser Readmitido

Na parábola do filho pródigo, Jesus exemplificou o tipo de amor que o Pai tem por nós, e que nós deveriamos mostrar uns para com os outros (Lucas 15:11-32) O filho mais novo de uma rica família passou anos desperdiçando sua herança e vivendo uma vida de inúmeros pecados. Jesus mostrou que, apesar disso, ao ver seu filho voltar para casa, o idoso pai correu em direção ao seu filho de braços abertos. Ele não esperou para questionar sobre a atitude atual do filho, não tentou descobrir se seu filho estava com motivação correta nem se estava arrependido, nem tratou seu filho durante algum tempo com menos privilégios na família ou com punição nenhuma.

A bíblia não diz, em lugar nenhum, que existe algum procedimento para ser readmitido, nem especifica um período de tempo que deve passar antes de alguém ser readmitido. Paulo simplesmente diz que a pessoa transgressora deveria ser evitada. Quando essa pessoa para de praticar o pecado, não existe motivo para continuá-la evitando. A organização das Testemunhas de Jeová requer um processo formal de readmissão feito pelos anciãos.

*** w92 15/9 p. 12 par. 19 ***
Para ser perdoado e readmitido, porém, ele terá de humildemente obedecer às leis de Deus, produzir frutos próprios do arrependimento e pedir aos anciãos a readmissão.

A organização das Testemunhas de Jeová especifica que um período de tempo tem que passar, mesmo reconhecendo que o exemplo cristão permite tempos mais curtos:

*** A Sentinela, 1 de Agosto de 1963, p. 473 (em inglês, tradução minha) ***
Se essas evidências necessárias de tristeza e mudanças estiverem presentes, então sua readmissão poderia ser considerada pela comissão da congregação, depois que um tempo suficiente tiver passado, o que, na maioria dos casos, dura pelo menos um ano.

*** w98 1/10 p. 18 ***
[Nota(s) de rodapé] Embora pareça que o transgressor em Corinto foi readmitido depois de relativamente pouco tempo, isso não deve ser usado como norma para todas as desassociações.

Embora a bíblia não mencione nenhuma abordagem legalística para determinar quando um pecador pode voltar a se associar com os cristãos, a organização das Testemunhas de Jeová desenvolveu procedimentos formais para determinar se alguém é digno de ter seu status de desassociado removido. Tal pessoa deve assistir às reuniões regularmente durante vários meses mesmo sendo evitado completamente por todos, e só depois de um tempo seu pedido de readmissão será considerado. Depois, essa pessoa deve ser examinada pelos anciãos para determinar se parou de praticar o “pecado” e se tem uma atitude de arrependimento. Quando isso ficar determinado, um anúncio público é feito. Somente depois desse procedimento e do anúncio é que os membros famíliares e outros da congregação poderão falar livremente com tal pessoa.

Considere um exemplo comum de um casal de noivos que comete fornicação poucas semanas antes do casamento. Se isso for descoberto, eles podem ser desassociados. Depois de casados, eles não são readmitidos imediatamente, porque certo tempo tem de passar antes de seu pedido de readmissão ser considerado. Daí, eles precisam passar pelo procedimento formal para serem considerados arrependidos. No entanto, no dia em que eles se casam, não são mais fornicadores. Não há base bíblica para evitar contato com eles. O fato de não serem imediatamente (e automaticamente) readmitidos mostra que essa prática de desassociar tem caráter punitivo. Essa punição se estende por alguns meses depois da readmissão, tempo este em que eles não podem participar das reuniões com seus comentários. Somente depois é que os anciãos os consideram novamente dignos de comentar e fazer partes.

Similarmente, muitos adolescentes são desassociados por bebedeira, fumar ou imoralidade. Com o passar dos anos, eles abandonam esse comportamento, talvez até se casam e têm filhos. Os princípios bíblicos mostram que, por não estarem mais pecando e não serem mais conhecidos na comunidade como irmãos, seria aceitável voltar a ter contato normal com eles. Mas as leis da organização das Testemunhas de Jeová proíbem falar com eles até que eles voltem a assistir as reuniões, façam o pedido para serem readmitidos, sejam aprovados e tenham seu anúncio de readmissão feito publicamente. Uma grande parte dos que nasceram nessa religião e foram desassociados não querem voltar para a religião e, portanto, esse procedimento nunca é feito. Por isso, suas relações familiares são destruídas pelo resto de suas vidas.

Criaram mais regras que se aplicam depois da readmissão, que exemplificam de quais atividades o readmitido pode participar. Depois de um tempo, poderão participar na pregação de casa em casa como pioneiros auxiliares, comentar nas reuniões, fazer discursos. Somente depois de vários anos é que estarão aptos para privilégios como pioneiros ou servos ministeriais. Os escritores bíblicos não fizeram essas restrições.

*** Livro dos Anciãos – KS – Prestai Atenção a Vós Mesmos e a Todo o Rebanho, p. 131 ***
Devem-se impor restrições para ajudar a pessoa a ver a necessidade de continuar a `endireitar as veredas para seus pés’ e também por consideração à consciência da congregação.

Quando a pessoa é readmitida, já pode participar no serviço de pregação de casa-em-casa. Outros privilégios, tais como comentar nas reuniões, fazer partes e orar nas reuniões podem ser restabelecidos progressivamente, quando:

        • determinar-se que o indivíduo progrediu espiritualmente ao ponto em que fica totalmente qualificado
        • e quando os anciãos julgarem que algum privilégio específico não será ofensivo para a congregação.

*** km 8/86 p. 6 par. 23 ***
Deve ter passado um ano inteiro desde o tempo duma repreensão judicativa ou desde a readmissão em caso de desassociação, antes de alguém poder ser considerado para o serviço de pioneiro auxiliar ou regular.

*** km 2/71 p. 4 ***
Quando alguém foi no passado desassociado e depois readmitido, pode ele dar discursos públicos? Poderá dá-los apenas depois de terem decorrido PELO MENOS dez anos após a sua readmissão. (Veja os pormenores sobre isso na “Sentinela” de 15/2/66, p. 113; “Lâmpada”, págs. 118, 119.)

Dados Pessoais Retidos

Os desassociados são “rastreados” até o fim de suas vidas. Seus registros são mantidos pelas congregações e pelo Escritório da Filial, conforme orientação da Carta aos Anciãos de 2015 (em inglês, tradução minha):

        • Notificou-se ao Escritório da Filial sobre todas as remoções de pioneiros regulares, alterações de nomes e mudanças nas designações congregacionais?
        • Notificou-se ao Escritório da Filial sobre quaisquer desassociações ou dissociações que ocorreram desde a última visita?
        • Notificou-se ao Escritório da Filial sobre todos os desassociados ou dissociados que foram readmitidos ou faleceram?
        • Há algum publicador sob restrições judicativas, e, se sim, está o seu progresso sendo monitorado de perto?
        • Enviaram-se cartas de introdução para todos os publicadores que se mudaram da congregação?

2015 – Informação Exigida para a Visita do Superintendente de Circuito – Carta aos Anciãos

Conclusão

Centenas de milhares de Testemunhas de Jeová encontram-se, atualmente, desassociados e sem contato com suas famílias e amigos. Isso tem efeitos dramáticos nessas pessoas, geralmente na época em que eles mais precisam de apoio.

A organização das Testemunhas de Jeová afirma que o amor é o principal fator que os diferencia das outras religiões, e que as Testemunhas de Jeová são uma irmandade amorosa. Mas seus membros morrem de medo de serem expulsos, pois seriam totalmente evitados pela irmandade e seriam jogados no mundo. Isso pode até parecer justificável na bíblia. Mas a forma como as Testemunhas de Jeová aplicam os textos bíblicos distancia-se muito dos princípios bíblicos. Usam isso para controlar seus membros. Um dos maiores mandamentos de Jesus foi o de amar seus irmãos e seu próximo (Lucas 10:27). A doutrina da desassociação põe muita dúvida sobre qualquer tentativa das Testemunhas de Jeová de afirmar que eles têm amor.